sábado, 10 de agosto de 2013

Sonho maluco



Eu tive um sonho que começava com o sol se pondo na beira do rio Acre. Era um sonho louco, com cheiro de pitanga, com beijos na chuva, risadas no bar, na rua, na cama.  Eu chupava um sorvete estranho, com gosto de gelo e mais nada. Eu também dançava. Dançava que cansava. Não lembro muito bem, mas havia uma barraca. É, havia uma barraca. Parece que eu acampava, mas minha barraca era armada dentro de uma cozinha. Juro! E eu ria e chorava. Disso me lembro bem. Se eu me recordo direito, eu fazia mágica para alguém. Eu era mágica no sonho. E era feliz também. Ah, eu andava pelada no mato. Ou eu tava de biquíni? Eu sei que tinha uma rede. Sim, eu deitava numa rede e ficava lá a tarde inteira. Depois eu comia pizza. Nada a ver, né? Mas eu comia muita pizza. Aliás, eu comia muita coisa nesse sonho. A última coisa que eu comia era um camarão delicioso. Só podia ser sonho mesmo. Que sonho maluco! Terminava na beira do rio Acre. O sol se punha no começo e também no fim. Lá, no mesmo lugar, eu me dei conta de que nada era real. Aí eu acordei.

quinta-feira, 2 de maio de 2013

Doses paliativas de verdade

Deixe de choro. Deixe de manha. Este não é o primeiro e nem será o último amor a ser enterrado vivo. Jogue terra, depois caminhe. Por sarcasmo divino nascemos humanos para aprendermos a ter sangue de barata. Sinta... Sinta o suficiente para perceber o quanto é importante ser racional. Um copo de verdade por dia te cura dos clichês e contos de fadas. O príncipe aqui é também vagabundo. A princesa aí não é a única bela entre as feras. Ame o amor, mas ame mais a liberdade. E aprenda a voar como eu.

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

Do tempo




Há uma fissura humana por ele. Pelo mistério do tempo das coisas. Pela complexidade das coisas do tempo. Ao que não se controla ou se doma. Ao que não para ainda que finde. Ao que dita o início e o fim peço três dádivas divinas: paciência, paciência e paciência.

Peço-te o prazer legítimo 
E o movimento preciso 
Tempo tempo tempo tempo 
Quando o tempo for propício 

Caetano Veloso

terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

Alice no país das ironias


Me mandaram lembrar de esquecer o script. Mandaram esquecer de lembrar o roteiro.  E, num instante, a principal regra era dormir no ponto e acordar para a vírgula. Então continuei. Caminhei e foi possível ver sorrisos num bosque escuro. Lá, um passarinho me contou que amava a liberdade, e se prendeu a mim por livre e espontânea vontade. Me disse que ninguém segura o tempo quando passa e muda a direção do vento. Não há velas atadas que salvaguardem o destino certo. É curto o espaço entre o nunca e o agora. Entre o sempre e o fim e entre planos e promessas existe o acaso, o desvio, a surpresa. E aí, vejam só, nasceram pitangas em pleno inverno. Pitangas que crescem no meio da chuva. Encharcadas. Submersas... Agora a vida é isso: ouvir gargalhadas no silêncio.