sábado, 25 de janeiro de 2014

Fast and Furious

Amores relâmpagos me iluminam a alma.

Sobre apego, acomodação e adaptação


Era uma vez um sapato lindo, raro, caro e apaixonante, desses que combinam com quase tudo. Como ele combinava comigo! Mas ele me fazia calo. Muito calo! Mesmo não querendo sair com ele, porque eu sabia o quanto ia me machucar, eu não queria me desfazer. Queria deixá-lo ali, guardadinho. Meu. Intocável. Ninguém mexe. Ninguém pega. Ninguém vai ter. Só eu!

O que eu poderia pensar? Que ele iria, como num passe de mágicas, se moldar a mim, até caber direitinho? Ou que meu pé, quem sabe, fosse mudar de forma e tamanho? Não. Eu sabia que não. Mas eu queria saber que ele estava lá. 

Fiquei pensando que a gente tem dessas, de se apegar a tudo. Até ao que não nos cabe. Mesmo que nos machuque. De se acostumar até com o que nos faz mal.

Existe uma grande diferença entre adaptação e acomodação. A primeira te torna capaz de manter o controle diante de uma situação aparentemente, ou momentaneamente incontrolável. Diante de uma grande mudança, você cria alternativas, onde elas parecem não existir, de manter o próprio bem estar. 

A segunda te paralisa. Você aceita a condição e vive preso nela a vida inteira. Acha um cantinho para se aninhar e ali permanece encolhido. Não cresce. Não aparece. Não vai para frente. Definitivamente, não quero ser desse time. Quero ser do time dos que vão e, principalmente, dos que deixam ir...

P.s. Quer saber o que eu fiz com o sapato? Essa história nunca teve a ver com sapatos.